junho 29, 2012

Arthur Rimbaud - Tradução Eric Tirado Veigas (Ponty)


Memória


I
D´água limpa; do sal da prantaria da infância,
ardor de brancos sóis de corpóreas das fêmeas,
trajes de seda lírio em pureza auriflamas,
embaixo desse muro onde donzela acode.

Luta dos anjos; - não... Corrente doira marcha,
abraços, negro tenso, esfriar-se boa erva. Ela
sombra, tendo-lhe céu de azul céu cama, apela,
das cortinas da sombra em colina de arcos.

II
Ah! Úmido azulejo amplia do fervor límpido!
Doura água móvel breu pálido fundiu álveo,
verdejam robes são abatidos das garotas,
dos salgueiros da foz saltar aves sem bridas.

Mais puro Luiz, quente em tampa amarela,
apreensão d’água – fé tão conjugal, ó esposa,
do meio dia, de terno espelho, que me inveja,
calores do céu gris esfera rosa e afeto.

III
Oh Senhora que pé prende demais ao prado,
nevar onde após fio penado sol guarda,
são dedos; g uarda sol, move orgulhosa, dele,
qual da criança lendo a verdura da flor.

Ler livro marroquim rubro! Hélas, de quão dele,
anjos cândidos mil que despedem na rota,
mudando para além-montanha! Dela, toda
negra e fria, tão brusca! Após saídas mortais!

IV
Braços grossos fiar das jovens puras erva!
Lua doira abril do imo em santa cama! Júbilo,
nos campos ribeirinhos largados à presa,
noites de agosto fez nascida gostos podres!

Que ela o presente grite abaixo ameias! Hálito
do vasto álamo alto então duma só brisa.
então da toalha, são reflexos, sem foz, gris:
velho dum, dragador, barca imóvel da dor.

A festa d´olho d’água ali tíbia trafega,
ó canoa imóvel! Ó! Braços toscos! Nem uma
nem outra flor: douro que me inoportuna,
lá nem azul, amigo olho colore cinza.

Ah! Solitário pó que duma asa sacode!
As rosas dos rosáceos maios devo rados!
minha canoa, de sempre estende fixa; algema
fundida no olho d´água e, sem bordas, - que lama?

Arthur Rimbaud - Tradução Eric Tirado Veigas (Ponty)

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